O portal Carro Online preparou uma série de respostas sobre o novo produto do mercado que pode lhe ajudar a decidir sua compra Certamente, muita gente já ouviu falar da tecnologia do motor que pode utilizar gasolina e álcool misturados em qualquer proporção. Flex fuel, bicombustível, multicombustível, total flex, seja qual a forma a que se referiram ao sistema, a realidade é que ele acaba de chegar ao mercado e tem gerado muita expectativa. Afinal, ele é o futuro? O portal Carro Online resolveu esclarecer algumas dúvidas que os consumidores têm, elaborando uma série de perguntas e respostas sobre o assunto, baseadas na apresentação do Gol Total Flex, no qual a equipe teve oportunidade de avaliar em um percurso de 170 km. É bom lembrar que certas explicações somente se referem a tecnologia da Magnetti Marelli, a bordo do veículo da Volkswagen, o que pode não ser válido para outros carros da própria montadora ou de marcas diferentes.
Tire suas dúvidas 1 - Afinal, o Gol Total Flex está liberado para a venda?
Sim. Apesar de toda a polêmica entre as montadoras, algumas garantindo que a homologação do motor flex não sairia até julho, o veículo da Volkswagen está autorizado a rodar, inclusive com a identificação "Álcool/Gasolina" no Certificado de Registro do Veículo.
2 - Existe diferença clara entre o desempenho com álcool ou gasolina?
Quase nenhuma. A Volkswagen e a Magnetti Marelli ajustaram o motor do Total Flex para um regime de funcionamento bastante aproximado em ambas as situações. A potência, por exemplo, é de 97 cv com 100% a gasolina e 99 cv com uso de álcool hidratado. A diferença de torque é menor ainda: 138 kgfm (gasolina) contra 141 kgfm (álcool). Na prática, é pouco perceptível a mudança de performance, o que se confirma nos dados de desempenho fornecidos pela montadora. A velocidade máxima varia apenas 1 km/h entre 100% de gasolina (183 km/h) e 100% de álcool (184 km/h), o mesmo ocorrendo com a aceleração de 0 a 100 km/h (11s5 vs. 11s2), respectivamente.
3 - Como faço para saber o que é mais vantajoso?
A fórmula é simples, embora possa parecer incômoda: na hora de abastecer, basta multiplicar o preço da gasolina por 0,7. Se esse valor for inferior ao preço do álcool no posto, opte pela gasolina, se não, então o álcool é a opção mais em conta. Exemplificando: se a gasolina custar R$ 2, vezes 0,7, chegamos a R$ 1,40. Se o litro do álcool custar, nesse posto, R$ 1,50, então a gasolina será mais econômica. Caso contrário, o álcool estiver com preço de R$ 1,30, aí ele passa a ser a melhor escolha. Lembre-se que esse coeficiente somente serve para o Gol Total Flex. Outros modelos, com motores diferentes, terão coeficientes próprios.
4 - Essa diferença de preço pode cair?
A Volkswagen está cobrando R$ 950 a mais pelo Gol Total Flex, em relação a versão Power, de onde se baseia o primeiro. Segundo a empresa, essa diferença de preço certamente vai cair, assim que a demanda pelo modelo crescer, o que é quase uma certeza.
5 - E se, por acaso, meu carro for abastecido com combustível adulterado?
Ele irá ter os mesmos problemas que os motores convencionais, ou seja, perda de rendimento devido ao uso de um combustível que não corresponde às especificações que o motor compreende, embora o Total Flex tenha capacidade de compensar de maneira mais eficiente essa deficiência. Mesmo assim, é uma atitude desaconselhável.
6 - Quanto tempo o motor leva para "entender" uma mistura nova?
Imagine a situação. Você pára no posto, desliga o carro e seu tanque tem apenas gasolina, mesmo que em pequena quantidade. O motor do Gol Total Flex grava a última mistura que foi usada, para servir de referência quando voltar a ligá-lo. Nesse caso, você resolve abastecer com álcool e a proporção entre os dois fica bem diferente da anterior. Ao ligar o veículo, a ECU - Unidade de Comando Eletrônico - vai "ler" essa nova mistura por meio de um sensor instalado na saída dos gases de escapamento. Como a mistura real será diferente da última gravada, a queima será irregular, no caso, o combustível estará mais fraco do que o motor esperava. A partir daí, o sistema irá corrigir a queima, o que em situações extremas levará cerca de 10 segundos para ser feito. Normalmente, esse intervalo será bem menor, sem prejuízo para o motor.
7 - O sistema é confiável? A durabilidade é menor?
A Volkswagen oferece para o Gol Total Flex a mesma garantia dos demais veículos. Um aspecto importante do motor é que não existem grandes inovações em seu funcionamento. São, na maioria, peças reprojetadas para atender às especificações requeridas, mantendo seu princípio de funcionamento.
8 - Posso converter meu carro a gasolina ou álcool para esse sistema?
Essa possibilidade existe, no entanto, seu custo hoje não justificaria o trabalho. Como é uma tecnologia nova, com muitas possibilidades de evolução, pode-se imaginar que um dia as modificações sejam mais simples e os resultados, mais compensadores.
9 - O que acontece se nunca utilizar um dos combustíveis? O motor vai funcionar direito?
Não há problema algum nisso, com ambos os combustíveis. O motor flex funciona com qualquer parâmetro e por tempo indeterminado.
10 - A gasolina já possui álcool. Isso não irá confundir o sensor?
É importante ressaltar que, na verdade, mesmo que você abasteça com gasolina e álcool em partes iguais, haverá mais do segundo combustível no tanque, devido aos 25% de álcool anidro que o governo determina que seja acrescentado na gasolina nacional. Para o motor bicombustível, essa composição já é prevista, inclusive, com a pequena porcentagem de água que o álcool hidratado possui. Nada disso afeta seu funcionamento.
11 - A água que existe no álcool hidratado não pode oxidar partes do motor?
De maneira alguma. Embora o motor do Total Flex seja baseado na versão a gasolina presente no Gol Power, as partes sujeitas à corrosão, como a bomba de combustível, receberam proteção ou, em alguns casos, componentes existentes no motor a álcool.
12 - Sei que a taxa de compressão dos motores a álcool é bem mais alta que a dos motores a gasolina. Como a Volkswagen fez para regular isso?
A montadora, juntamente com a empresa Magnetti Marelli, que desenvolveu o sistema, ao testá-lo, concluíram que a taxa de compressão de 10:1, proveniente do motor AP a gasolina, era a que oferecia o melhor compromisso de desempenho, economia e conforto. Com isso, o desempenho com álcool não mostrou a esperada superioridade em relação a gasolina, como mostram os números semelhantes entre os dois. A justificativa dos fabricantes foi de que, se trabalhasse com uma taxa mais alta, o motor ficaria ruidoso e extremamente antieconômico com gasolina e um ambiente ao nível do mar e temperatura elevada. Embora o consumo de álcool seja bem elevado, o preço menor desse produto ainda tornou o seu uso vantajoso quando o custo não ultrapassar 70% do valor da gasolina. É importante lembrar que essa taxa de compressão só se aplica ao motor do Gol Total Flex. Outros produtos semelhantes poderão apresentar perfis de desempenho diferentes.
13 - Se eu viajar com esse carro para fora do Brasil, posso abastecer com gasolina sem álcool?
É o mesmo caso do motor a gasolina, regulado para utilizar até 25% de álcool: o funcionamento não será adequado devido ao mapeamento da ECU (Unidade de Comando Eletrônico), que não prevê o uso de gasolina. Em outras palavras, o motor funcionará fora do ponto.
14 - Se estiver com o tanque somente com álcool, vou ter problemas de partida a frio?
Não. Além de contar com sistema de partida a frio, o Gol Total Flex está programado para detectar as situações em que será necessário seu uso. Basicamente, a regra é a seguinte: se a proporção de álcool for igual ou superior a 80% da mistura e a temperatura, 20ºC ou menos, a ECU automaticamente aciona a partida a frio.
15 - Preciso saber quanto de gasolina e álcool tenho no motor, antes de abastecer?
Desnecessário. O importante é saber qual dos combustíveis, no momento do abastecimento, é com melhor custo/benefício, o que pode ser descoberto por meio do cálculo citado no início do texto. Só é preciso ressaltar que a autonomia do seu carro irá variar bastante, dependendo das opções.
16 - A diferença de autonomia é grande?
No caso do Gol Total Flex, sim. Apenas para ilustrar, basta dizer que a autonomia teórica com 100% de gasolina deve ser de aproximadamente 580 km, em circuito urbano, ante 408 km, com o uso exclusivo de álcool na mesma situação, ou seja, mais de 40% superior.
17 - Todos os carros deverão ter esse motor no futuro?
É quase que uma unanimidade entre as montadoras. A tendência é que a tecnologia seja padrão para todos os automóveis em um futuro breve. Algumas marcas já planejam, inclusive, adotar o motor como única opção na sua linha de modelos.
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